Na madrugada deste domingo calou-se Sócrates. Ídolo do Corinthians, da Seleção Brasileira, que foi muito mais que um jogador de futebol. Lembro que no início dos anos 80, quando eu começa incentivado por meu pai, a gostar de futebol, já ouvia e via Sócrates dar entrevista, sempre chamando atenção.
Fugindo do estereótipo do jogador de futebol, gostava de comentar outros assuntos, alfinetar a ditadura militar e com a proclamada "Democracia Corinthiana", ao lado de Casagrande, Biro Biro, Vladimir e muitos outros, protestava e tentava mostrar que as coisas deveriam ser diferentes. Foi das primeiras vezes que ouvi falar em democracia e com certeza que Sócrates e seus amigos tiveram participação e influência para a abertura política e a volta da democracia no Brasil. Mesmo que inconscientemente na cabeça dos brasileiros (já que na época as pessoas não podiam dizer o que queriam), através de seus gestos, fala diferente, chegava a irritar o repórter (e muita gente mais) que queria ouvir apenas que o jogo era para "conseguir um resultado positivo" como é costumeiro nos demais jogadores de futebol.
Doutor por excelência, às vezes inconsequente, Sócrates tinha uma forma de comemorar os gols bem diferente do normal: punho cerrado, mão levantada, o outro braço pra trás, como mais uma forma de protesto contra a ditadura.
Já como jogador de futebol, Sócrates tinha estilo diferenciado dos biotipos brasileiros. Um jogador alto, esguio, muito inteligente e que lembra até jogadores da escola holandesa comparado por muitos ao estilo de jogar de Johan Cruyff - um dos maiores de todos os tempos.
Sócrates ajudou a mudar o futebol, mas principalmente está na história do nosso país. Incompreendido por muitos, apenas boêmio para outros. A história irá fazer justiça para este que marcou época no nosso Brasil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário