Agricultores de São José do Vale do Rio Preto, na Região Serrana, estão cada vez mais preocupados com o uso racional da água. Cerca de 20 produtores de chuchu e folhosas das microbacias Morro Grande e Valverde participaram, no último dia 18 de março, de um dia de campo sobre irrigação na microbacia Bonfim, em Petrópolis. O objetivo foi conhecer duas unidades demonstrativas instaladas em propriedades agrícolas beneficiadas com sistemas de baixo impacto, financiados através de uma parceria público-privada.
Durante a excursão à cidade imperial, os agricultores conheceram três diferentes sistemas de irrigação: aspersão de baixa vazão, gotejamento e microaspersão, todos incentivados pela Emater-Rio e pelo Programa Rio Rural, da secretaria estadual de Agricultura. No Sítio Boa Esperança, da família do agricultor Wanderley José Menezes da Rosa, conhecido como Pepeto, os visitantes viram um sistema totalmente automatizado, que consome quatro vezes menos que o convencional. Todos os equipamentos foram instalados sem nenhum custo para o produtor, graças a uma ação conjunta da Emater-Rio com a Prefeitura de Petrópolis e as empresas Astro Agrícola e Rain Bird Brasil.
O secretário estadual de Agricultura, Christino Áureo, afirma que as políticas públicas do setor buscam difundir tecnologias para os pequenos agricultores, promovendo o uso sustentável dos recursos naturais e a gestão eficiente das propriedades. "Hoje, garantir o uso racional da água, através de sistemas inteligentes de irrigação, é umas das melhores formas de tornar a lavoura mais ecológica e, ao mesmo tempo, mais produtiva", disse o secretário.
Desde 2012, a região do Bonfim vem sendo contemplada com vários investimentos do poder público e também da iniciativa privada em projetos de irrigação econômica, de saneamento básico e de reflorestamento nas áreas rurais do município. Em novembro do ano passado, Renato Christ, que produz folhosas nos cultivos convencional e protegido hidropônico, foi beneficiado com o melhor painel eletrônico de controle de irrigação disponível no mercado. O equipamento possibilita programar a disponibilidade de água para as plantas, no tempo exato. “A irrigação inicia sempre na hora programada por mim, utilizando 18 setores”, comemora.
Segundo a engenheira agrônoma da Emater-Rio, Margareth Ferreira Costa, o sucesso dos sistemas adotados em Petrópolis despertou o interesse dos produtores de São José do Vale do Rio Preto. “Através do Rio Rural, estamos incentivando a adoção de práticas sustentáveis nas lavouras. Esses tipos de irrigação proporcionam economia de água, de energia elétrica, e possuem a vantagem da automatização”, explicou.
Extensionista rural da Emater-Rio em Petrópolis, André Luís de Azevedo lembra que os sítios visitados utilizavam um método de irrigação defasado e com alta vazão. “No Bonfim, era comum encontrar áreas com erosão por conta de equívocos no uso da água. A ideia é inserir um projeto adequado à realidade de cada produtor, para evitar possíveis prejuízos ao solo”, disse o técnico responsável pelas unidades demonstrativas.
A produtora Isabel Cristina de Oliveira Freire, da microbacia Valverde, não conhecia os sistemas de baixa vazão. Por conta da pouca quantidade de água disponível na localidade onde vive, ela e a família protegeram uma nascente, há pouco mais de seis anos, para aumentar o volume hídrico. “A irrigação do meu sítio é toda manual. Com o apoio do Rio Rural, vou priorizar esse novo método no cultivo do chuchu”, adiantou a agricultora, que também se dedica às lavouras de vagem e de tomate.
A engenheira agrônoma da Astro Agrícola, Midori Katsumoto, lembra que o recurso financeiro disponibilizado pelo Rio Rural permite a adoção de uma tecnologia mais eficiente. “O objetivo principal é sempre facilitar a vida do homem do campo. Ao inserir essa prática, o benefício em longo prazo é incalculável”, defendeu.
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