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quinta-feira, 5 de junho de 2014

Construção da estrada Paraty-Cunha tem convênio assinado


O governo do estado e a Eletronuclear assinaram, nesta quarta-feira (04/6), no Palácio Guanabara, convênio no valor de R$ 42 milhões para complementação dos recursos necessários à construção da Estrada Parque Paraty-Cunha (RJ-165). A pavimentação da estrada era esperada há mais de 50 anos. Os restantes R$ 50 milhões, dos R$ 92 milhões do valor total da obra, são recursos estaduais, com empréstimo contraído junto à Comissão Andina de Fomento (CAF). A contrapartida da empresa federal para a construção da estrada é uma das exigências do Ibama e do Instituto de Biodiversidade Chico Mendes para a concessão da licença ambiental de construção da Usina Nuclear Angra 3.

Estão sendo pavimentados os 9,4 quilômetros, trecho até então virgem, até à divisa com o Estado de São Paulo, onde se conecta com a SP-171, que já é asfaltada. Os trabalhos começaram no ano passado, no sentido Cunha-Paraty.

A estrada ajudará no desenvolvimento do turismo da região, além de servir para preservar a própria fauna e flora da Serra da Bocaina, em função das obras de contenção de encostas e de implantação de sinalização que serão executadas. A distância entre as cidades de Paraty e Cunha será encurtada em 270 quilômetros, diminuindo o tempo de viagem em duas horas.

De acordo com o governador Luiz Fernando Pezão, a estrada é de fundamental importância para o turismo no Sul Fluminense, em especial Paraty e Angra dos Reis.

- Essa obra é esperada há mais de 50 anos e é a redenção de Paraty e Angra dos Reis para o turismo. A estrada coloca o Vale do Paraíba e o Sul de Minas a menos de uma hora do mar – disse o governador.

O presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva, acredita que um dos diferenciais da estrada é o respeito ao meio ambiente.

- A gente tem que inserir o homem no meio ambiente. Essa estrada é uma compatibilização, permitindo que o homem se desloque, mas com extremo respeito ao meio ambiente. A Eletronuclear, dentro do quadro de compensações ambientais, participa desse esforço.

Para a prefeita de Angra dos Reis, Maria da Conceição Caldas, a cidade também pode se tornar um destino turístico para os paulistas após o término das obras.

- A estrada é importante porque vai servir para tornar Angra uma cidade visitada também pelos paulistas. Isso traz o desenvolvimento econômico para a região, atraindo mais indústrias.

- Já o prefeito de Paraty, Carlos José Gama, acredita que haverá uma revitalização do setor de turismo na Costa Verde.

- Essa estrada é um sonho desde a década de 50 quando passou a existir sem pavimentação. Ela liga o Vale do Paraíba ao mar. Isso vai facilitar tanto o acesso ao Vale do Paraíba, quanto o acesso de turistas dessa região a nossa cidade. A economia de Paraty é 70% é do turismo.

O prefeito da cidade de Cunha, Osmar Felipe Júnior, também ressaltou a importância da obra.

A estrada, além de um sonho antigo, vai estreitar o relacionamento que já existe entre as duas cidades. Vai ser um fator de desenvolvimento econômico e turismo muito importante. Hoje nós temos aproximadamente mil leitos na nossa cidade, a segunda principal economia do município é o turismo, então estamos bastante esperançosos para ter essa estrada.

A Paraty-Cunha é a segunda estrada parque do Estado do Rio. A primeira é Capelinha-Mauá, em Itatiaia e Resende, que foi inaugurada no início do ano e foi pavimentada com asfalto borracha. As obras estão sendo executadas pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER), órgão vinculado à Secretaria Estadual de Obras. Os trabalhos são supervisionados por uma equipe de técnicos e ambientalistas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), por determinação dos órgãos ambientais, porque a estrada se encontra dentro do Parque Nacional da Bocaina, uma área de preservação natural.

O DER é obrigado a obedecer a uma série de exigências de proteção da fauna e flora locais, como uso de pavimentação com blocos de cimento justapostos (bloquetes) - sistema não poluente - adoção de medidas de preservação do curso de rios e córregos e criação de zoopassagens (travessias aéreas e subterrâneas para animais), entre outras medidas. Foram catalogadas na região, por um grupo do Laboratório de Zoologia de Vertebrados da Uerj, 31 espécies de mamíferos, além do rato-toupeira (Blarinomys breviceps), de apenas 22 centímetros de comprimento e 22 gramas.

O trajeto entre Paraty e Cunha tem 47 quilômetros e já fez parte da então Estrada Real, por onde, nos tempos do Brasil Colônia, eram transportados o ouro e os diamantes vindos de Minas Gerais em direção ao porto de Paraty, com destino a Portugal, além de mercadorias e escravos. Na época, a Estrada Real era conhecida como Caminho Velho.

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