A noite desta Sexta-Feira Santa (6) deixou marcas irreversíveis na vida de Marcos. Ele estava em casa com a mãe e a esposa, grávida de quatro meses, no bairro Bom Retiro, em Teresópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro, assistindo televisão no sofá da sala. Mas a forte chuva que caía na cidade deixou mais do que medo. A força da água fez com que um muro de contenção de quatro metros cedesse, atingindo a casa de Marcos.
O relato foi feito pelo vizinho dele, Josiel da Silva Santos, que, coincidentemente, é tenente do Corpo de Bombeiros. Foi ele que resgatou o rapaz. “Eu ouvi um homem gritando, pedindo socorro. Perguntei em qual lado da casa ele estava, queria saber se podia quebrar a porta. Ele respondeu que sim.” Josiel quebrou a parede, retirou a janela e conseguiu resgatar Marcos, que estava há 40 minutos sob os escombros.
Começou então a luta para encontrar Maria Helena Lau, de 60 anos, e Keila Pires de Siqueira, de 26. As vítimas foram localizadas somente às 2h30. “Encontrei as duas abraçadas, mas sem vida. Uma cena muito triste”, lamentou o bombeiro.
Começou então a luta para encontrar Maria Helena Lau, de 60 anos, e Keila Pires de Siqueira, de 26. As vítimas foram localizadas somente às 2h30. “Encontrei as duas abraçadas, mas sem vida. Uma cena muito triste”, lamentou o bombeiro.
Além de Maria e Keila, outras três pessoas morreram em Teresópolis vítimas de deslizamentos. O enterro de nora e sogra aconteceu no fim da tarde deste sábado, no cemitério municipal Carlinda Berlim.
Sistema de alerta
O secretário nacional de Defesa Civil, Humberto Viana, afirmou neste sábado que o sistema de alerta evitou um "desastre maior" na região serrana do Rio. Fortes chuvas provocaram 20 deslizamentos de terra só no município de Teresópolis. Além dos cinco mortos, que já foram identificados pelo Instituto Médico Legal (IML), uma pessoa está desaparecida, no bairro Ermitage. Outras 15 ficaram feridas. O número oficial de desalojados e desabrigados, até as 11h deste sábado, era de 414.
"A gente lamenta o número de óbitos, mas as primeiras informações da meteorologia não davam conta de alerta alto e sim moderado. O alarme funcionou e pessoas foram retiradas das áreas de risco. O tempo foi curto, mas as sirenes foram acionadas e evitamos um desastre maior, como o que ocorreu em Friburgo no ano passado", afirmou o secretário.
Moradores afirmaram que a sirene demorou para tocar e que o alerta só teria sido dado depois que casas já estavam destruídas pela força da água. A Defesa Civil Estadual - que monitora permanentemente as sirenes - não tem registro de falha.
De acordo com Viana, a meta do governo é evitar mortes causadas pelas chuvas e, para tanto, foram estão sendo comprados 2,4 mil novos pluviômetros que serão distribuídos nas áreas de risco. Esse aparelho permite monitorar a formação das tempestades.
"A meta é zero óbito e, para isso, precisamos de mais estrutura de pessoal e equipamentos", completou. Para o secretário nacional, a situação "caminha para a normalidade", considerando a previsão de chuvas pontuais.
Cestas Básicas
A Secretaria Nacional de Defesa Civil, ligada ao Ministério da Integração, enviou neste sábado 600 cestas básicas para ajudar os desabrigados no município. O pedido foi feito pelo governo do Rio.
Além disso, três técnicos do Grupo de Apoio a Desastres desembarcam ainda nesta tarde no local dos deslizamentos para avaliar a situação e verificar as necessidades. O secretário nacional de Defesa Civil afirmou estar em contato com o governo do Rio de Janeiro e a prefeitura de Teresópolis desde esta sexta para garantir apoio na ajuda às vítimas do desastre.
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